Os alertas são constantes e com a COP28 a decorrer, os especialistas reforçam os alertas: muitas das ameaças mais graves à humanidade estão cada vez mais próximas de acontecer, à medida que a poluição por carbono continua a acelerar o aquecimento global. O planeta já está a enfrentar "efeitos dominó devastadores". A conclusão foi divulgada esta quarta-feira no relatório Global Tipping Points, que avisa que há já cinco pontos críticos em risco de serem ultrapassados.
“Pontos de rutura críticos no mundo natural representam algumas das ameaças mais graves enfrentadas pela humanidade”, lê-se no documento. “O seu desencadeamento danificará gravemente os sistemas de suporte à vida do nosso planeta e ameaçará a estabilidade das nossas sociedades”.
Um dos exemplos citados pelos especialistas é o “colapso da grande circulação do Oceano Atlântico, combinado com o aquecimento global”, o que pode levar à “perda de metade da área global destinada ao cultivo de trigo e milho”.
“Cinco grandes pontos críticos já correm o risco de serem ultrapassados devido ao aquecimento neste momento e mais três estão ameaçados na década de 2030, à medida que o mundo ultrapassa os 1,5°C de aquecimento global”, frisam os autores, acrescentando que os danos totais “serão muito maiores do que o impacto inicial” ao propagar-se em “cascata através dos sistemas sociais e económicos globais”.
Estes pontos críticos em risco mostram, segundo os ambientalistas, “que a ameaça representada pela crise climática e ecológica é muito mais grave do que normalmente se entende e é de uma magnitude nunca antes enfrentada pela humanidade".
Mundo está numa “trajetória desastrosa”
Para além dos danos irreversíveis e dos riscos para a humanidade, o relatório denuncia o facto de não haver “governação global adequada à escala das ameaças”.
“O mundo está numa trajetória desastrosa”, salientam.
O problema, explicam estes ambientalistas, é que ultrapassar um destes pontos críticos pode desencadear o mesmo processo com os outros, “causando um efeito dominó de mudanças aceleradas e incontroláveis nos nossos sistemas de suporte à vida”.
“Prevenir isto – e fazê-lo de forma equitativa – deverá tornar-se o objetivo central e a lógica de um novo quadro de governação global”, advertem os autores do estudo, que consideram que “a prevenção só é possível se as sociedades e os sistemas económicos forem modificados para reduzir rapidamente as emissões e repor as condições da natureza”.
A atual abordagem de mudança incremental linear, segundo os mesmos, “já não é uma opção”. “As instituições de governação existentes e as abordagens de tomada de decisão precisam de se adaptar para facilitar a mudança”.
No entanto, nesse período de tempo em que os líderes mundiais alteram e adaptam as suas decisões, ou definem “ações adequadas”, podem ainda “ser desencadeados pontos de rutura negativos” – o que obrigada as sociedades a tornarem-se “urgentemente mais resilientes para minimizar os danos”.